Dados Aberto e o Setor Privado


Desde de sua criação, os Dados Abertos tem andado de mãos dados com o setor público - inclusive tem dois posts no blog falando sobre a relação dos dados abertos com o governo e com a área acadêmica - e por isso, quando se fala sobre a relação entre as empresas privadas e os dados aberto, o normal é colocar esse setor no mesmo pacote dos usuário, como consumidores desses dados abertos, um usuário final. Mas, nos últimos anos, as empresas estão tentando transformar um pouco esse pensamento, já que muitas dessas empresas perceberam que abrir os dados pode ser algo positivo.

Essa percepção das empresas com relação aos dados abertos, surgiu muito a partir do crescimento das Parcerias Público-Privada(PPP), que é uma forma de contrato em que o uma empresa privada fornece um tipo de obra ou estrutura criado por ele para o Estado, em troca de uma remuneração baseado na qualidade do serviço. Devido a essa metodologia ser uma forma menos polêmica do que as privatizações, as PPPs ganharam muita força na maioria dos países e as empresas que lidam com grandes quantidades de dados, como Waze e Uber, viram nesse tipo de contrato uma oportunidade de fornecer esses dados - que não eram confidenciais e que, na sua grande maioria, estavam ociosos - para o Estado, e com isso,  a administração pública utilizaria esses dados para melhorar diverso aspectos da região, e como consequência, essa melhorias iriam trazer vários benefícios para a empresa que fornece os dados.

Para a empresa, a abertura dos dados iria fazer com que os recursos tivessem um melhor proveito, uma pareceria com o governo (que é algo estável), dinheiro e publicidade (já que a empresa estaria fornecendo os dados para ajudar a sociedade). E do outro lado, essa abertura faria o governo ter contatos com muitos dados utilizando poucos recursos. Ou seja, win-win!



E o resultado dessa sacada pode ser visto em estatísticas, segundo o OpenDataImpact, atualmente 1615 empresas trabalham com dados abertos, com destaque para os Estados Unidos que possuem mais de 600 empresa utilizando essa abordagem, já o Brasil possuem 15 empresas. Esses números vem crescendo a cada ano e com isso a relação entre os setores e os dados vem mudando cada vez mais, a imagem abaixo mostra bem como é essa relação atualmente.


Dois casos se tornaram bastante emblemáticos quando se trata de Dados Abertos. O primeiro aconteceu com a cidade do Rio Janeiro e o Waze, antes das olímpiadas no Rio, a prefeitura da cidade fez diversos investimentos para a cidade se tornar mais inteligente, e um dos principais objetivos era deixar o trânsito mais dinâmico, fazendo com que as pessoa fossem avisadas quando algumas avenidas estivessem em manutenção e assim poderiam tentar um percurso diferente. Para aplicar essa idéia, foi despejado muitos recursos na obtenção e distribuição de câmeras em toda cidade (cerca de 100 mil câmeras), também foi criado uma central de monitoramento de alto nível com equipamentos de qualidade e muitas pessoas envolvidas.

Mas, quando todo esse investimento foi colocado à prova, decepção. O trânsito continuava um caos, em algumas regiões chegou a piorar. Foi aí que apareceu o Waze, startup, que trabalhava com navegação baseada em GPS, do Vale do Silicio com mais de 1 milhão de usuários só no Rio de Janeiro, que queria montar uma parceria com a prefeitura para fornecer os dados que ele tinha  para ajudar no monitoramento de trânsito. Foi fechada a parceria, e o Rio de Janeiro ganhou muito destaque pelos bons resultados obtidos dessa nova forma de monitoramento, chegando a ser a considerada a cidade mais inteligente do Brasil durante um bom tempo.

O outro caso emblemático foi do Uber com a cidade de Boston em 2015, nesse ano a empresa fez um acordo com a cidade para compartilhar os dados sobre viagem, para ajudar os administradores da cidade nas tomadas de decisão em temas como crescimento urbano,  congestionamento de tráfego, transporte público e emissão de gases do efeito estufa,  como  retorno, Boston iria ajudar o Uber deixando a  empresa em  melhores condições com relação às regulamentações que envolvem o transporte de pessoas. E essa parceria trouxe bons resultados, se tornando uma propaganda para esses tipos de acordos.

O engajamento das empresas privadas vem sendo muito  incentivado pelas organizações governamentais, e tem se mostrado um ponto importante quando se trata de inovação, mas, ainda há alguns problemas, como a falta de entendimento de empresas ao disponibilizar os dados, provocado pelo pouco conhecimento na área de dados abertos, o que gera dados difíceis de tratar, tornando a parceria pouco efetiva. Mas, mesmo com essas ressalvas, essa área continua muito promissora e o números de empresas ligadas aos Dados Abertos só tem à crescer.

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