Por volta do século 17, emergiu entre intelectuais de diferentes países europeus o hábito de utilizar correspondência à longa distância para se informar sobre as mais novas idéias científicas. Em certo ponto, grupos passaram a se reunir em pessoa para divulgar seus resultados, culminando na fundação de comunidades como a Royal Society em 1660.

Cinco anos depois, foi publicada a primeira edição da Philosophical Transactions of the Royal Society, considerada primeira revista científica, contendo cartas sobre observações, experimentos, e avanços obtidos, todos os quais foram compartilhados em reuniões da Royal Society. Em uma carta escrita por Henry Oldenburg, responsável por essa primeira publicação, destaca-se seu interesse na disseminação de novas descobertas.



Trago essa história hoje para ilustrar que a ideia e adoção de práticas para disponibilizar acesso à sociedade ao conhecimento e dados no campo da ciência não é nenhuma novidade. Mas é a internet que têm sido grande facilitadora nesse processo, devido à facilidade e extremamente baixo custo de obtenção e publicação de dados.

Enquanto o conceito não é novo, o termo Open Science (Ciência Aberta) é, caindo em popularidade por volta de 2014, sendo definido pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) como: tornar as publicações e dados obtidos de pesquisas publicamente acessíveis, em formato digital, sem ou quase sem restrições para uso.

Os princípios de "abertura" podem ser estendidos para todo o ciclo de pesquisa, tal que o uso de software de código aberto, revisão por pares e crowdfunding caem no domínio de Open Science. Porém a definição exata pode variar, uma vez que existem diferentes escolas de pensamento a respeito do que seria Open Science. Há, inclusive, aqueles que possuem argumentos contrários a esse movimento.



Um dos principais elementos do domínio da Open Science é o Acesso Aberto. Em 2002, a Iniciativa ao Acesso Aberto de Budapeste (BOAI) definiu o termo da seguinte forma:
Por "acesso aberto" à essa literatura, nos referimos à sua disponibilização gratuita na internet pública, permitindo qualquer usuário para ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar, ou vincular os textos completos desses artigos, usar um crawler para indexação, passá-los como dados para software, ou usá-los para qualquer outro propósito legal, sem barreiras financeiras, legais ou técnicas além das inseparáveis de se obter acesso à própria internet. A única restrição em reprodução e distribuição, e o único papel de direitos autorais nesse domínio, é o de garantir aos autores controle sobre a integridade de seu trabalho e o direito de serem propriamente reconhecidos e citados.

A seguir, algumas ferramentas voltadas para promover as informações obtidas por cientistas.


O projeto Dataverse é uma aplicação para promover compartilhamento, citação e análise de dados. Pesquisadores e instituições publicando seus dados recebem devido crédito e visibilidade, e podem incluir documentação e códigos para acompanhar os dados. O repositório Dataverse é integrado ao website do pesquisador, incluindo uma citação acadêmica para os dados, livre de custo tanto para depositar seus dados quanto acessá-los.



Scientific Data é uma revista científica de acesso aberto que publica e descreve datasets cientificamente valiosos, para que esses dados sejam compreendidos e reutilizados. Seu principal tipo de publicação é uma descrição detalhada do dataset, os métodos de coleção dos dados e análises sobre a qualidade dos resultados encontrados. O acesso pelo público é gratuito, mas autores pagam uma quantia para serem publicados.



Open Science Data Cloud, ou OSCD (não confundir com Open Data Science Conference, ou ODSC, uma conferência voltada para a área de ciência de dados) é uma ferramenta que provê acesso à datasets de grande tamanho, chegando aos terabytes/petabytes, pertencentes a diferentes áreas, e capacita a análise dos dados entre esses datasets e compartilhamento de suas descobertas. Tanto a hospedagem quanto o acesso aos dados são gratuitos.